Supostamente

"O minuto é o 55. Aquela camisola 7, sempre justa, rodopia sobre mais um adversário. Em zona frontal, desfere uma "bica". A bola, com efeito caprichoso, embate no poste. Percorre a linha de baliza e embate no outro posto, até se alojar... nas mãos do guarda-redes contrário. Soa o sinal de desconto de tempo e é bem visível quem será o substituído. O pavilhão levanta-se, comove-se, respira ofegante. E não é caso para menos. Aquele minuto 55 marcava a última finta, a derradeira bica de uma lenda viva, o pendurar das botas de um mágico TUNI como jogador de futsal.

Por tudo isto e não só, também nós sentimos a densidade emocional daquele minuto 55. Na hora do adeus, um "quase-golo", espelho fiel de um percurso oscilante em que quase subiu à 3ª Divisão, em que quase não desceu à 2ª Regional, em que quase recebeu um salário prometido, enfim, em que quase foi bom. Tuni foi um exemplo de dedicação, de devoção, de sacrifício, sempre em busca do nada ou do muito pouco. E destes gostamos nós, pelo que é mais do que merecida esta sentida menção, na hora do seu abandono.

Com a certeza de que não mais ouviremos falar em Barcelos ou de que não mais entraremos no pavilhão da Coelima,

Eternamente, Campeão!"

Supostamente seria assim. Não fosse o facto de Tuni, na semana passada, ter voltado a jogar futsal. Insiste, portanto, em sair pela porta do seu tamanho, em cair no esquecimento. Tuni voltou e, em linguagem corrente, fodeu tudo. Inclusive este post...

Vêmo-nos à mesa. No único local onde foste e és realmente bom...

Aquele abraço,

PÉRICLES