quarta-feira, fevereiro 11, 2009

DA ESPLANADA DO MILENÁRIO - IIª SÉRIE


Caro Poirot,

Como estás? Olha, decidi mandar-te já esta carta para que não chegue ao mesmo tempo que o postal de S. Valentim, que a tua Artemis te deverá mandar. Dou por mim muitas vezes aqui a pensar como será a vida aí, na Grande Cidade. Isso aí com prédios, com carros, ruas de alcatrão e assim... Deve ser uma coisa assim como na América, não é? Espero que estejas a sobreviver no meio desse rebuliço, ouviste?

Como imaginas, aqui pela província não há grandes mudanças. O Mundinho continua como porteiro do Arquivo Municipal e a TV Cabo ainda não chegou. Decidi abrir o meu escritório para ajudar a população aqui da aldeia. Tenho já uns compadres que me prometeram uns queijinhos frescos se souber cuidar dos seus assuntos. Ainda esta semana, apanhei trânsito à ida pro escritório, vê lá tu! Tudo por causa de uma roda que se soltou num carro de bois de um compadre que ia à minha frente... Tive de esperar mais de 5 minutos para o contornar com a minha carroça! Sabes que a minha carroça é de luxo mas também é muito grande, o que por vezes dificulta este tipo de manobras... Olha, só visto. A minha sorte foi que isto se passou numa rua principal, ali no Toural logo, numa rua de terra batida! Ainda que tivesse alguma lama, sempre foi melhor do que aquele cascalho molhado das ruelas daqui...

O Basturk soube de umas boas pastagens numa ilha qualquer e mandou-se para lá durante 3 meses. Que maluco aquele gajo! Ele não tinha a certeza mas achava que a ilha era na Ásia... Se ele o diz é porque é, eu acredito. Disse ainda que ia levar um rádio com uma antena muito grande para conseguir sintonizar a Rádio Santiago, para ouvir os relatos do Vitória.

Ao fim da tarde, pego na minha vara e passo pelas herdades do Mestre Pedroto e do Bola D'ouro onde, também eles, estão a pastar (as suas varas claro). Estamos a pensar em ter crias, em construir um verdadeiro império suíno. Depois dou-te mais novidades sobre este negócio.

Há ainda o Tuni. Parece que continua a perder todas as semanas, lá na colectividade onde ele joga. Mas segundo me disseram, acho que a colheita dele este ano é daqui, olha! (a apertar a orelha enquanto digo "daqui, olha!"). Soube ainda que ele está a guardar umas garrafas para tu provares depois.

E é assim. Como vês tá tudo igual: os novos estão a ficar velhos e os velhos cada vez mais velhos. Espero que já sejas um especialista a falar aí o lisboeta, sim? Estou a pensar em mandar-te uns pedacinhos de lombo e umas garrafinhas de leite de cabra, não vás andar tu a passar fome, aí com essas comidas modernas... Posso mandar isto para a Ministra e dizer-lhe para te entregar? Esperamos todos aqui pela tua vinda no Natal, para nos sentarmos à mesa com os cantares ao desafio. Até lá, aguenta-te aí!

Um abraço,


PÉRICLES

4 comentários:

  1. Este ano não há colheita..temos de acabar primeiro com o Tomba do ano passado!!!

    ResponderEliminar
  2. Caro Péricles

    Esqueceste de falar no nosso Vitória!
    Já viste fomos impedidos de utilizar o Campo do Benlhevai só porque a imprensa refere que os maus resultados alcançados pela Selecção Nacional de futebol deve-se á utilização de campos pequenos.
    Tivemos que construir á pressa o Campo da Amorosa!!!
    Já agora fala-lhe na data. Inauguramos no passado dia 13 de Janeiro, no jogo com Boavista.
    Ganhamos por 3-1 e Alexandre marcou o primeiro golo oficial no nosso Estádio.

    Ah não te esqueças de dizer quem jogou:
    Machado; Garcia e João; Luciano, Curado e José Maria; Fanklim, Miguel, Alexandre, Brioso e Arlindo.

    ResponderEliminar
  3. Ó Bola D'Ouro mas que táctica é essa que o vitoria utilizou?
    Será um 2-1-2-1-1-1-2?
    Fica a pergunta.

    ResponderEliminar