sexta-feira, junho 06, 2008

Eu fixo e tu móvel - Em cunha venceremos

O Serzedelo-Pevidém, melhor derby do planeta. Tardes de futebol-arte no Campo das Oliveiras
Correndo o risco de ser apelidado de lírico, digo que sou um ferveroso adepto do Futebol Total. Abomino profundamente o modelo e sistema actual de "futebol de resultado". Para os leigos, em síntese, o Futebol Total teve como seu criador Rinus Michels e consistia num modelo de jogo de forte mobilidade de todas as peças do puzzle, o que evidenciava forte dinâmica ofensiva do conjunto. No fundo, os jogadores não tinham posições fixas no terreno de jogo: o defesa direito poderia aparecer na extrema esquerda e aí saberia perfeitamente o que fazer com a bola e que terrenos pisar. Historicamente, a ousadia deste modelo de jogo foi coroada com os mais altos títulos. Assim, foi o Futebol Total que, em finais da década de 60 e inícios de 70, consagrou o Ajax de Amesterdão, do "general" Rinus Michels, como campeão europeu. Mais, foi o Futebol Total a génese da badalada laranja mecânica que chegaria à final do mundial de 74 e que limparia o ceptro europeu em 88. Dizem os entendidos que o Real Madrid de Di Stefano, sem este, seria uma equipa vulgar. Que o Benfica de Eusébio, sem este, seria uma equipa à mercê de tudo e todos. Mas o Ajax de Michels sem Cruyff, seria a mesma máquina trituradora que encantou a Europa do futebol. E eu, subscrevo essas notas...
Neste particular, quero lembrar um homem que o futebol se encarregou de esquecer. No ano de 1971, após a conquista da taça dos campeões europeus, Michels "zarpa" do Ajax com o papo cheio. Era tempo de encontrar o seu sucessor. Na época, o dilema era bem perceptível: como colmatar a saída de um treinador autoritário e inovador, que ganhou tudo o que havia para ganhar? A escolha surpreendeu. Em 1971, sucedia a Michels no Ajax de Amesterdão, STEFAN KOVACS, proveniente do Steaua de Bucareste. Oriundo de um futebol sem expressão, Kovacs era o homem certo, no local certo, no tempo certo: era um homem desconhecido, proveniente de um futebol insignificante, incumbido de manter um modelo de jogo que se previa em declínio. Por isso, reza a história que após o autoritarismo de Michels, Kovacs não teria pulso neste desafio. Tanto que, logo no seu primeiro treino no comando do Ajax, Kovacs foi abordado por 1 seu jogador sobre o que achava do seu cabelo comprido. Kovacs, homem de bom tom, respondeu que foi contratado para treinar e não para cabeleireiro. Mas este estado de indisciplina duraria pouco. O ponto de viragem dá-se quando, num treino, Kovacs estava plantado junto à linha lateral. Um dos jogadores do Ajax manda 1 estoiro monumental em direcção a Kovacs. Este, com enorme classe, devolve a bola redonda com a parte superior da coxa direita. Junto com a devolução da bola jogável, Kovacs conquistaria definitivamente o respeito dos seus atletas. E os resultados acabariam por comprovar isto mesmo...
Nesta fase, pergunta o estimado leitor: "Tudo isto para dizer o quê? Tanto paleio e qual o intuito? Qual a relação de tudo isto com a imagem de suporte ao texto?". Pois bem, os posts querem-se curtos e grossos e requerem que se pense sobre eles. Assim sendo, vamos para as nossas casas indagar sobre tudo isto, cientes que a resposta virá sempre no post seguinte... Até lá, fica neste Ambiente Turco o nome que o Futebol se encarregou de esquecer...
Até breve!
Aquele abraço,
PÉRICLES

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