terça-feira, junho 10, 2008

Eu fixo e tu móvel - Em cunha venceremos (cont.)

O famigerado Serzedelo-Pevidém. Não há perfume de Futebol Total na imagem logo, não há Pedro Meireles...
Continuando, "passo a bola" para o Campo das Oliveiras, em Serzedelo. Nessa época não tão longinqua, o Serzedelo local era magistralmente orientado pelo "General" Marco Alves, descendente em linha directa dos príncipios norteadores do Futebol Total. Com o seu sistema de movimentações constantes, o Serzedelo escalava em passos sustentados a "montanha" do sucesso desportivo na selvajaria de pontos e classificações que definia os escalões intermédios do futebol luso. A coadjuvar o técnico, figurava no banco do adjunto o lendário avançado móvel, tormento de muitos defesas e guarda-redes: PEDRO MEIRELES. Há época, Pedro Meireles possuia ainda um porte atlético de respeito. Era relativamente rápido, possante q.b. e tecnicamente superior. Daí que o seu "salto" para fora do banco do treinador-adjunto, com a consequente inscrição no rol de artilheiros por banda dos serzedelenses estivesse no estado de "expectável".
Assim, fui ao Campo das Oliveiras espreitar de perto o fenómeno Serzedelo/General Alves. Abeirei-me da linha lateral, junto ao banco de suplentes do "visitante", enquanto observava o exercício do "meiinho" que integrava o planeamento do treino. Nesse instante, o então adjunto Pedro Meireles dá 1 toquezito na bola para, logo de seguida, enfiar um estoiro monumental em minha direcção! Com elegância e classe, devolvi a bola redonda a Meireles, com a parte superior da coxa direita, à semelhança do que havia feito Stefan Kovacs, no Ajax de Amesterdão. E à semelhança de Stefan Kovacs, no Ajax de Amesterdão, ganhei de Meireles, desde esse dia, o seu respeito e admiração... "Havemos de jogar juntos um dia, tu fixo e eu móvel", disse-me Meireles na ocasião. E tais palavras ecoam ainda hoje na minha memória, do mesmo modo que os cantares de José Alberto Reis ecoam no sistema sonoro do estádio do Vitória de Guimarães...
Destarte, o sonho de Meireles esteve bem perto de se tornar realidade. Teve início o período de inscrições para o torneio de sevens no complexo desportivo do Vitória. O Ambiente Turco deu entrada da respectiva ficha de participação. Sob o comando do geometrista Tuni, o seu plantel era demolidor e lá se viam estrelas, entre outras, como o General Alves, patrão e comandante da defesa que se queria de betão. Mas mais que um apetecível torneio ou que a conquista do ceptro, os motivos de interesse passavam irremediavelmente por um singelo acontecimento: era o aparecimento público da dulpa Péricles/Meireles, do avançado fixo e do avançado móvel, do perfume e futebol romantico de ambos. Numa palavra, era a concretização daquele que ficou conhecido como "o sonho do Meireles"! O futebol de alto nível já não via nada assim desde os tempos de Andy Cole e Dwight Yorke. E os bilhetes para os jogos? Esses, voavam mais depressa que um concerto dos U2 em Alvalade...
Contudo, a euforia depressa cedeu o seu lugar à desilusão. O torneio tardiamente começou e o inevitável aconteceu. Dias antes da estreia do Ambiente Turco, General Alves confronta-se com problemas no ataque do seu Serzedelo. Para grandes males, grandes remédios, e o remédio de mister Alves consistiu na inscrição de Meireles como avançado pelos canarinhos. Consequentemente, Alves é forçado a poupar Meireles para os desafios seguintes e este está irremediavelmente afastado do grande torneio! Tal decisão deixaria Péricles "despido" do parceiro com quem jogaria de olhos fechados. Tal decisão, atiraria Péricles para o banco de suplentes. O desnorte foi evidente, General Alves até já era regista, e a campanha do Ambiente Turco tinha os seus dias notoriamente contados, que terminariam na célebre meia-final que viria a ser denominada de "meia-final de Domingo às 10 da manhã". Tuni, esse, ouviria bem alto o estalar do chicote...
Concluindo, quero deixar umas palavras de esperança ao meu parceiro de ataque. Quero dizer a Meireles que tanto faz, seja eu fixo e tu móvel, seja tu fixo e eu móvel, seja os 2 fixos, seja os 2 móveis: chegará o dia em que eles sentirão o vendaval do nosso futebol! Chegará o dia em que eles sentirão na pele aquilo que te faz sonhar. Até lá, pensa que depois de jogares a meu lado serás consideravelmente melhor. E pensa que o perfume do nosso jogo é o oposto do que fazes nos rallis: é jogado devagar, bem devagar, para que perdure nas memórias de todos aqueles que tiveram o prazer de nos ver jogar...
Aquele abraço,
PÉRICLES

3 comentários:

  1. Afinal a dupla era essa...na altura foi outra, onde porém esses mesmos jogadores se bem me lembro, partiram-se todos na noite anterior á meia final!!! Eu fixo tu móvel? foda-se...com jogadores desses sá á mesa ;) !

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. És mesmo borrachola

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