Da Esplanada do Milenário - Especial Ano Novo

A Análise profunda da dicotomia clássica Falta de Talento/Sucesso Arrasador

texto de: Péricles, calceteiro

Caro leitor, um grande bem-haja! É com total honor que vos presenteio com esta especial crónica nesta época festiva. Se o leitor o merece, o leitor o tem.

Decidi abordar esta querela que desde sempre acompanhou os nossos mais sapientes antecessores, não por arrogância ou postura snob, mas porque nos dias que correm é bem mais acessível ilustrar com a prática as mais variadas questões que pretendemos teorizar. E sinto-me, hoje, na plenitude do meu humilde conhecimento, capaz de o fazer. Posto isto, e porque pauto as minhas crónicas com uma postura exemplificativa, parto da minha análise da dicotomia supracitada não com o melhor exemplo, porventura, mas concorda o leitor que será este bastante elucidativo. Este jovem rapaz, ROGÉRIO MATIAS!

Convém antes de mais fazer um breve apanhado histórico acerca desta personagem. Utilizando a metodologia desse notável comentador e não menos notável amigo, Dr. Pôncio, consultei o meu "arquivo" e encontrei um Rogério Matias já ligeiramente familiarizado com o estrelato. Rogério Matias risidia (penso eu...) e laborava na cosmopolita Campo Maior, a cidade que nunca dorme, representando o Campomaoirense local, esse colosso do futebol europeu. Dispontava este menino na lateral esquerda e contribuiu preciosamente para um período auspicioso desta colectividade, culminando numa final no Jamor, nesse "escaldante" Beira-Mar (despromovido) - Campomaiorense. Sob as ordens de José Pereira (se não estou em erro...), "a velha raposa", Rogério emergiu para uma exibição suprema, acentando como uma luva no esquema táctico da equipa, nas palavras do Professor Luís Freitas Lobo, o verdadeiro "camaleão táctico". Para gáudio do "imperador" Nabeiro, o patrão Delta. A velocidade de execução e simplicidade de processos eram dotes que mais ressaltavam neste, então, belíssimo jogador. Tais características poderiam mesmo servir de sustento à tão badalada Doutrina do Doping do não menos badalado Sr. Germano. Rogério foi enorme e seguiu o seu trilho.

Eis o momento em que este jovem artista parte noutra missão, "A conquista do Castelo". Daqui em diante a história já se conhece, 6 anos consecutivos de cruzamentos endereçados para a Cardan, Comércio de Automovéis, S.A., passes teleguiados para espaços literalmente vazios, e, vasculhando o meu baú de memórias, encontro um autogolo de belo efeito diante do modesto F.C. Porto. Sucede que, é precisamente neste período que encontro o fundamento que serve de base á querela aqui discutida. Rogério Matias é chamado a defender as cores da Nação, tendo sido chamado pelo selecionador campeão do Mundo. Em Dublin, perante a Rep. da Irlanda, Rogério tem o seu apogeu futebolístico com uma jogada de entendimento perfeito com o poste direito da baliza do guardião Ricardo, "o Muro de Berlim" lusitano. E aqui, caro leitor, reside o cerne da questão: Ser-se pouco ou nada talentoso desperta precisamente um sucesso assombroso. Repare o leitor naquele que considero ser o par mais semelhante com este desgraçado, o fenómeno dos palcos, Tony Carreira. Você sabe que ele encheu o Olimpiá de Paris. E você sabe também que Bento XVI ou Koffi Annan nunca o fariam...

Poderia adoptar a postura do meu mais humilde con-cidadão e disferir uma crítica mordaz, letal diria mesmo. Poderia deturpar esse grande êxito da ópera portuguesa, "Só eu sei" by Juve Leo, e dizer "fica em casa", mas não o farei. Ao invés, desta nobre Esplanada te envio um grito de incentivo, te venero, e digo: "Rogério, finta 2 ou 3, segue até á linha, cruza................ e faz-nos sonhar!

Aquele abraço,

Péricles

Sugestão da semana:

a não perder á 2ª feira, "O blog de Notas do Bola D'Ouro", da autoria de: O próprio!

Agradecimento: A Audi A4, 1.9 Tdi, 130cv, pelo contributo precioso que tem dado a este espaço, elevando-o a oitava maravilha do Mundo.

P.S.: A equipe do "Esplanada" e Galp Energia desejam-lhe um Ano Novo Positivo!