terça-feira, julho 04, 2006

Porque estamos prestes a rumar a estas paragens....



Realizador: Emir Kusturica
Intérpretes: Bajram Severdzan, Srdjan Todorovic, Branka Katic, Florijan Ajdini
Quem nunca viu esta maravilha da sétima arte não pode esperar mais, é obrigatório... Falo para todos os leitores e em especial a todos os turcos que me acompanharão na excursão por terras de Kusturica. Iremos certamente saborear, cheirar, apalpar esta cultura, estes locais, estes aromas, e ja falta so um mês.....

Num cenário próximo das margens do Danúbio, Matko Destanov (Severdzan) envolve-se em todas as negociatas que pode, invejando a riqueza do amigo Dadan (Todorovic). Com a ajuda de algumas mentiras, Matko consegue um empréstimo do "padrinho" local, Grga Pitic (Sulejman), um companheiro de outros tempos, e de outros crimes, do seu pai, Zarije (Memedov). Os "avôs" já não se encontram muito bem de saúde, mas mantém o discernimento e o bom humor. Matko convence Dadan a ajudá-lo num roubo, mas as coisas vão correr mal, o que coloca o primeiro numa situação de dívida para com o segundo. Dadan aproveita o crédito para negociar o casamento da sua irmã, Afrodita (Ibraimova), com o filho de Matko, Zare (Ajdjni). Zare, claro, não está nada interessado, não só porque não gosta da noiva imposta - conhecida por "anã" e "joaninha" ( o verdadeiro sonho de mulher ) -, mas porque está apaixonado por Ida (Katic), que trabalha num bar das redondezas.
Emir Kusturica volta a pegar em personagens ciganos, neste filme vencedor do prémio para a melhor realização no Festival de Veneza, depois de anteriormente ter manifestado a sua intenção de abandonar o cinema, face a acusações de que «Underground» (1995) fazia a apologia dos Sérvios, no seio do conflito entre as diversas etnias da ex-Jugoslávia.

Imagens verdadeiramente surreais, como músicos pendurados em árvores, cadáveres escondidos e conservados em blocos de gelo, animais a digerir calmamente símbolos da civilização humana ou troncos de árvore a atravessar a estrada, querer casar uma irmã à força para satisfazer os desejos de um progenitor falecido ou ver continuamente o final de «Casablanca», em casa, em viagem ou num hospital: são alguns dos ingredientes com que Kusturica cozinhou o seu «Gato», sem as preocupações "sérias" patentes no filme anterior,( Underground ) antes caminhando na direcção de uma comédia pura e directa.

Kusturica não filma; respira cinema. "Gato Preto, Gato Branco" é, como "Underground", um carrocel infernal. Certamente, devido à polémica que causou o filme anterior - depois do qual o cineasta anunciou que ia abandonar o cinema -, "Gato Preto, Gato Branco" surge investido da ligeireza do divertimento, por oposição ao dramatismo negro de "Underground. Fica a dica....

2 comentários:

  1. encaixa como uma luva...falta 1 mês!!! já faltou +...

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  2. Um dos meus filmes preferidos... se gostas dessa onda, procura o "Luna Papa", de Bakhtyar Khudojnazarov. é mais ou menos dentro da onda do Kusturica, talvez um pouco mais leve, mas igualmente louco!

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