segunda-feira, outubro 02, 2006

"BIDÉ CULTURAL"


Ajuda no Darfur já!!!

“Eu estava a dormir quando o ataque em Disa começou. Fui levada pelos atacantes, todos vestidos de uniforme. Também levaram outras raparigas e fizeram-nos andar durante três horas. Durante o dia éramos espancadas e diziam-nos: “Tu, mulher preta, nós vamos matar-te, tu não tens deus.” . Durante a noite fomos violadas várias vezes. Os árabes guardavam-nos com armas e não nos deram comida durante três dias.”

Uma refugiada de Disa (aldeia de Massalit, Darfur Ocidental)


Há duas realidades muito duras sobre o conflito no Darfur, oeste do Sudão: primeiro, tem havido violações massivas do direito internacional humanitário, em particular ataques contra civis. Segundo, a ajuda que chega é insuficiente e vem tarde demais, apesar do impacto positivo que esta ajuda representa para centenas de milhares de pessoas, todas as partes do conflito devem respeitar totalmente as regras e normas do direito internacional humanitário. Estas duas realidades devem ser encaradas com urgência pelo governo do Sudão, pelos grupos armados de oposição, pela comunidade internacional e pelos actores humanitários é importante que se saiba que neste momento no Sudão, segundo dados da unicef, existem cerca de um milhão de crianças sem qualquer tipo de ajuda. O foco das operações de assistência está na ajuda humanitária a mais de 300 mil pessoas deslocadas e no socorro médico às vítimas, reabilitando hospitais, enviando equipes da Cruz Vermelha e entregando equipamento médico. Tudo isso faz, realmente, diferença para as pessoas do Darfur, mas não é suficiente. É necessária acção política para romper o ciclo de violência e deslocamentos populacionais. As autoridades sudanesas, os grupos armados de oposição e as Nações Unidas devem decidir que tipo de acção política deve ser tomada.
Esta guerra, pela forma particularmente temerária e negligente como é conduzida, tem causado um sofrimento enorme. As pessoas estão acostumadas a sobreviver em condições difíceis no Darfur, mas a natureza excessivamente violenta deste conflito deixou muitos em condições realmente miseráveis, submetidos a humilhações, maus-tratos, doenças e morte. As regras mais básicas da guerra foram violadas e continuam sendo. Pouca distinção tem sido feita entre civis e combatentes. Os combates tem afectado particularmente os grupos mais vulneráveis da população civil, como mulheres, crianças, idosos e doentes. Actos para aterrorizar a população já são comuns. O estupro é generalizado.
A primeira responsabilidade recai sobre o governo sudanês, que tem a clara obrigação de proteger o seu próprio povo e, mesmo assim, tem falhado ou tem sido incapaz de fazê-lo. Por outro lado, a comunidade internacional tem a obrigação, sob o direito internacional, de assegurar o respeito pelo direito humanitário em todas as circunstâncias. Os governos devem saber que a acção humanitária não é substituta da acção política para proteger a população civil, não devemos tapar os olhos e fingir que isto não está a acontecer, daqui e penso que em nome de todo o ambiente turco junto a minha voz a todas as outras que clamam por ajuda para esta região.

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