DA ESPLANADA DO MILENÁRIO

TRONDHEIM - O TEATRO DOS SONHOS

por: Péricles, adoentado...

Para o leitor que desconheça, eu viajo bastante. Não digo o suficiente mas viajo muito... Depois de dissecada mais uma incursão por terras de Leste, venho hoje aqui relembrar uma viagem que muito me marcou. Siga nesta viagem por um dos "altares" do Ambiente Turco...

Estava no ano de 2004. Nos inícios de Dezembro fui forçado a voar até à Noruega para cuidar dos meus investimentos, mais concretamente, da frota pesqueira de que sou proprietário. E quis o destino que tivesse que me dirigir para Norte, até à então por mim desconhecida Trondheim, onde se situava a sede da empresa da qual era o principal accionista. No trajecto, entre Oslo e Trondheim, lembrei-me do meu amigo Mini Jacobsen. De pronto lhe enviei a seguinte missiva electrónica: "Caro Mini, acredito que folgues em saber que me encontro em direcção à tua (para mim) desconhecida urbe. Será evitável dizer-te que espero a tua sã companhia enquanto janto o delicioso bacalhau que comercializo. Aí chegado, não tardarei em te enviar novidades minhas. Até breve". 1 minuto e 39 segundos depois e já o meu celular cantava o Vitória Allez, a melodia que criteriosamente havia escolhido para me alertar do recebimento de uma mensagem. Ao abrir, já sabia quem era, o meu amigo Mini Jacobsen, pois claro: "Caro Péricles, rejubilei com a tua missiva electrónica. Há algo aqui que te quero mostrar. Vais ficar maravilhado. Ficarei aqui a aguardar novidades tuas. Até breve, também." (refira-se que estes sms foram ambos endereçados em norueguês, que, por facilidade de compreensão, não deixei de traduzir)

Cheguei a Trondheim. Na porta de um dos edifícios da minha empresa de comércio de bacalhau já se encontrava o meu amigo Mini. Um abraço de boas vindas, umas perguntas sobre a família, uma pequena conversa sobre a existência ou não de joelhos no Pedro Mantorras e eis que Mini me diz: "Lembras-te de te ter dito que te queria mostrar algo?" Retorqui: "Sim, lembro..." "Então diz ao teu motorista que nos guie até ao Lekendhal". Fiquei perplexo. "Porquê o estádio Lekendhal?", pensava eu. Era o estádio do Rosenborg, aquela equipa catita que vinha do frio e volta e meia pregava uns sustos na Liga Milionária. Sabia que lá foram colossos o meu amigo Mini Jacobsen, os gigantes Rushfeldt e Brattbakk, e o nosso conhecido portento de técnica, o avançado benfiquista Azar Karadas, esse mesmo, com cabelo à oficial alemão. Mas daí a encontrar lá algo de extraordinário será mais difícil de acreditar do que a hipótese de o Tuni não ter nada marcado para o fim-de-semana... Enfim, decidi confiar no meu amigo. E dirigi-me então ao meu motorista: "Sr. Knight, para o estádio Lekendhal, por favor".

Entrei no estádio já era noite (o que não causa grande estranheza, já que aqui anoitece às 2 da tarde...). Uma breve passagem pela sala de troféus, até alcançar o gélido relvado. Da saída do túnel via 1 jogo que se estava a disputar. "Estranho", pensava eu, visto estarmos exactamente a meio da paragem de inverno. "Péricles, observa atentamente aquelas 3 pérolas no relvado." disse-me Mini, apontando para 3 indivíduos que equipavam com camisolas da Jamaica. Seus nomes, tão desconhecidos como o perfume do seu jogo: Lopetegui, Marco Koeman e Claudette! Mas, dois três piques, e já permanecia eu, boquiaberto, na entrada do túnel de acesso aos vestiários... A primeira das pérolas knock-outeou-me com o seu remate em salto, de sublime elegância, um verdadeiro "Mané Garrincha" de porte norueguês. Juntando a isto, uma característica inerente aos grandes craques: assim como Nené não sujava os calções, também este tinha "Omo, lava mais branco" escrito por todas as peças do seu equipamento. No que diz respeito ao segundo artista (Marco Koeman), os seus bicos consecutivos dirigidos para o círculo polar Ártico eram de meter respeito ao Roberto Carlos. Por último, no que toca ao 3º monstro, a máxima há quem não precise de correr ganha a sua expressão suprema nos seus piques de 2 metros...

Fiquei estarrecido. E de imediato me surgiu uma ideia: para quê insistir no meu império do bacalhau se posso fundar aqui uma colossal equipe de futebol? E sendo eu um homem de acção, arregacei as mangas e volvido sensivelmente um ano, a VENERÁVEL ORDEM DO AMBIENTE TURCO já aqui fazia memoráveis partidas. O estádio? Não obedece às condições mínimas, é certo. Mas nem só Trondheim padece das suas reduzidas dimensões. Também os estádios ingleses ou o Estádio José Gomes têm como distancia entre bancada e linha lateral uma "unha" e não deixam de ser imponentes como são. A verdade, e contado por quem lá passa, é que é preciso tê-los bem no sítio para enfrentar aquele Inferno... Inferno este que brevemente reacenderá a sua chama...

Cumpre o presente post para informar que nesta 5ª feira, 19 de Outubro de 2006, terá início a época 2006/2007. O plantel, ainda em aberto, será composto por:

• PÉRICLES
• TUNI
• ENRIQUE CIMENTO
• POIROT
• KEMAL ATATURK
• MESTRE PEDROTO
• MICHAEL KNIGHT
• BASTURK
• AL CATRAO
• PROFESSOR CARECA

Plantel sujeito a alterações, com vista a acudir determinadas imcompatibilidades, tais como: treinos do Tuni de Futsal, no Bangladesh, à mesma hora; trabalhos de grupo do Tuni no Japão sobre contabilidade japonesa; etc. Afiguram-se como candidatos, neste caso, XAVIERSSINHO, IBRAHIM BROAH E REBROV.

Um feliz ano desportivo, repleto de Fiuzas e 2as ligas.

Aquele abraço,

PÉRICLES