DA ESPLANADA DO MILENÁRIO

DO INFERNO... AO INFERNO

por: Péricles, serrador

Caro leitor, um enorme bem-haja!

Ainda estremeço só de pensar que terei que iniciar esta crónica... Nunca pelo interesse, ou falta dele, que este tema possa suscitar no íntimo do meu amigo leitor ou, porventura, por poder alguma vez ferir susceptibilidades, já que seria de todo nula a minha presença neste espaço se tivesse que me justificar perante algum agente PIDE, por outras palavras, se me fosse vedado esse valor tão vital como a minha liberdade de opinião. Simplesmente, não duvidando da sua capacidade de reconhecer o timing das questões, este não será talvez o momento ideal de pôr o dedo na ferida ou evocar Velhos do Restelo... Sem dúvida, o momento de autopsiar este tema não é o melhor mas hoje e sempre impõe-se esclarecer aqueles que, e creio que fundadamente, elevam as suas vozes num criticismo exacerbado para que não o façam desprovidos de qualquer bom senso ou mesmo base histórica... Meu fiel leitor, neste preciso momento, o meu Reino das Comparações foi invadido por duas marcantes personalidades: DOMINGOS VÍTOR MAGALHÃES e ANTÓNIO PIMENTA MACHADO!

Por razões de ordem cronológica introduzirei desde já o segundo indivíduo. Dr. Pimenta Machado (o negrito é nosso...) exerceu o cargo de Presidente da Direcção do Vitória Sport Club por mais de duas décadas, estando incluido no restrito lote de Dinossauros do dirigismo desportivo português. E sempre lhe foi reconhecida essa função, significando isto que assim definiu o seu modo de vida, quiça sustento... Quanto a Domingos Vítor a história conta-se de outro modo. Atingindo uma certa notoriedade aquando da Presidência do regionalíssimo Moreirense FC, nunca perdeu o seu Vitória das suas cogitações abraçando um projecto que se previa divino. Em suma, sonhou, pugnou e obteve resultados, realizando o que para muitos de nós nunca passará de uma ilusão: a cadeira vitoriana do poder!

Estabelecendo um paralelo entre passado e presente, encontro mais discrepancias entre estes dois modelos de gestão do que entre Israel e Palestina, ainda que nos conduzam a resultados, neste momento, praticamente similares. Sumariamente, escolho aleatoriamente como exemplo a gestão desportiva de um e de outro. Durante largos anos foram-nos proporcionados momentos de autentico pagode futebolístico aos quais faço questão de recordar: Marco Ciardi, Roberto e Felisberto, Alexandre Vitorino entre muitas "estrelas" que passearam a sua classe pelo nosso histórico gramado. E que ninguém responda com Manoel, Paulo Sérgio ou Clayton pois só um jumento não reconheceria um razoável estatuto em tais carreiras... 1-0, Domingos Vítor!

Seriam infindáveis todos os polos de comparação que poderiam ser abordados. Contudo, todos eles seriam básicos ou elementares. Por mero exercício académico, contenho-me para não abordar uma quase despercebida comparação que se impunha aqui efectuar: as gravatas de um e de outro... Desconfio que o Dr. esteve por um triz de me obrigar a envergar lentes de 0.5 de graduação pelos berrantes bacalhaus que ostentava ao peito... Dr. Pimenta, tenha os mínimos! Apresente-se! (Não a depor, já que isso seria massacrante...)

Porém, ei-nos chegados ao aspecto que cumpre realmente focar. Não, não preciso de me socorrer de qualquer analista científico para preencher conceitos ou retirar conclusões! Quero, posso e mando, serei eu próprio a tecer as minhas considerações!!! E contraponho a obscuridade da gestão do Dr. com a transparência patenteada na gestão de Domingos Vítor! Contraponho dizendo que não queria George W. Bush a governar o meu país em deterimento de Nelson Mandela! Contraponho dizendo que serei eternamente democrata e que jamais pactuarei com "ditadurazinhas" de gente que vive omitindo o que deveria ser do conhecimento dos seus ou que vive de inverdades! SENHOR Pimenta, você não tem capacidade para resolver os seus problemas com a lamacenta Justiça Portuguesa, logo, não tente interferir em instituições de inigualável dignidade!

Quanto a si, Domingos Vítor, não se abrigue por detrás deste testemunho! Divague pelos manuais de história e constate que muitos homens bons acabaram mesmo por ser guilhotinados! Não lhe basta ser honesto e transparente, seja esperto e adquira traquejo!!! E não se esqueça que a nau jamais poderá ir ao fundo!!!

Aqui chegados, permita-me, meu caro amigo, partilhar aquilo que retiro do que até agora foi estatuído. Pois bem, no fundo, reflecti para comigo e afinal cheguei à conclusão que existem diferentes conceitos de Inferno. Imagine o leitor a assistir a um U. Leiria-Marítimo no Municipal de Leiria; parece-me que até o ouço dizer, perante a inexistência de espectadores, "mas que inferno...". Agora dê um saltinho até à outra ponta da Europa e reveja-se num Olimpiakos-Panathinaikos em pleno Pireu; certamente sussurraria "aquilo parecia um inferno!"... Rematando, diria que se deu a mutação do Inferno de meios para o Inferno de fins há cerca de ano e meio... E a minha escolha é óbvia: O CÉU que sempre existiu com eles, que sempre sobressaiu: O VITÓRIA E SUAS GENTES!!!

ACREDITEMOS!!!

Aquele eterno abraço,

PÉRICLES