quarta-feira, junho 21, 2006

Domingo à Noite....


Realização: Stephen Gaghan

Intérpretes: George Clooney, Matt Damon, Jeffrey Wright, Chris Cooper, Mazhar Munir, Alexander Siddig, Christopher Plummer, Amanda Peet, William Hurt, Tim Blake Nelson

Domingo passado, eu e o meu caro amigo Péricles resolvemos ir a uma sessão de cineclube, ver nada mais nada menos de que "Syriana", um filme que ja tinhamos ouvido falar, mas sempre com aquela sensação de que, é Domingo à noite, pouco que fazer por isso nada melhor do que uma sessão de cinema.

"Syriana" é um filme complexo e ambíguo, cheio de duplicidades e interesses escuros. Tal como os meandros da indústria petrolífera internacional.

Bob Barnes (George Clooney) é um operacional da CIA que vende dois mísseis Stinger a um iraniano em Teerão. As companhias petrolíferas Connex e Killen preparam uma fusão que está a ser bloqueada pelo governo.
A Connex está a perder para os chineses os seus direitos de exploração no Médio Oriente, enquanto a Killen, presidida pelo agressivo Jimmy Pope (Chris Cooper), adquiriu os direitos de acesso ao petróleo do Kazaquistão. Dean Whiting (Christopher Plummer) é um advogado de Washington com claros interesses em que esta fusão se concretize, e encarrega o jovem advogado Bennett Holiday (Jeffrey Wright) de descobrir e eliminar qualquer problema que possa servir de argumento ao governo para a impedir.
Os chineses compram um poço de petróleo no Golfo Pérsico, despedindo parte dos seus trabalhadores, entre os quais os paquistaneses Wasim Khan (Mazhar Munir) e o seu pai. A única forma de arranjar trabalho é aprendendo árabe, por isso Arash inscreve-se com o amigo Farooq (Sonell Dadral) numa escola árabe, onde lhe ensinam também a fé muçulmana. Em Genebra, o analista financeiro Bryan Woodman (Matt Damon) torna-se consultor de um príncipe reformista, pretenso herdeiro do trono de uma nação árabe.

Escrito e realizado por Stephen Gaghan, vencedor do Oscar pelo argumento de "Traffic" (2000), "Syriana" é um filme de ficção, mas parece real. A câmara move-se em ambiente quase documental, a imagem pouco tratada e os movimentos bruscos aproximam-nos daquele mundo. E o ideal, em termos de tempo, teria sido de facto meter tanta história e tantas personagens fantásticas num formato mais alargado.
Cada segundo do filme é necessário, e o ritmo não abranda até ao final, mas ficamos também sem tempo para respirar ou digerir toda a informação que estamos a receber. Mas um espectador mais preguiçoso terá de fazer um enorme esforço para ir ligando as diferentes histórias de "Syriana", que, à semelhança de "Traffic", acabam por coincidir num sentido final.

Mas quem consiga desenredar o novelo terá um entendimento mais profundo das complexidades que rodeiam a corrida pelo petróleo. Onde a extrema dependência americana do petróleo do Médio Oriente não só justifica todo o tipo de acções, como também condiciona a sua política externa. Com efeito, Syriana é um termo usado em Washington para descrever um Médio Oriente reformulado e reestruturado segundo a ideologia ocidental

Aliado a um bom argumento, estão grandes interpretações. George Clooney está muito bem (apesar - ou devido? - aos quilos a mais), e, se depois de alguns filmes eu desconfiava que ele era um bom actor, agora tive a confirmação. Mas é complicado neste tipo de filme atribuir-lhe tão claramente o papel principal. Confesso o meu apreço especial pelo sinuoso Jeffrey Wright, mas não posso deixar de mencionar um sinistro Christopher Plummer e Alexander Siddig como o Príncipe Nasir Al-Subaai

Infelizmente, nada do que vemos no ecrã é verdadeiramente chocante ou surpreendente, apenas triste. Este é um filme sobre a impotência: impotência para combater as grandes empresas, impotência para reformar as rígidas monarquias do Médio Oriente, impotência para acreditar que os EUA olhem alguma vez para lá do seu umbigo. Fica a dica...

5 comentários:

  1. Conejo, obrigadinho pela dica, mas da ultima vez que me desloquei a um cinema contigo e com o pericles saí ao intervalo, contigo a dizer no inicio do filme que era um bom filme. A minha confiança ficou em parte abalada mas nada como te recompores com uma boa dica, tou certo que não me voltarás a deixar ficar mal.

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  2. Um grande bem haja para todos.
    Exmo. Senhor Cimento, para quando uma crónica cinematográfica sobre o cinema mudo Francês?! Estou certo que, no meio de tanta película, não nos deslumbre com uma fita cinematográfica desses longícuos tempos.
    Subscrevo-me com elevada estima e consideração, nafinnnn bebek...

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  3. Meu caro Basturk, os gostos nao se discutem, e certo que tambem nao me cativou em nada o filme, mas quem me recomendou esse American Graffiti foi uma pessoa que percebe e gosta mais de cinema de que nos todos juntos. Claro q estes mais q entendidos, sendo uma pelicula do novo " cinema americano" para eles sera sempre um Marco no cinema

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  4. De referir q tanto eu como o Sr. Basturk saimos a meio do American Graffiti, nao deste Syriana, este sim, recomendo vivamente

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  5. OS MEUS FILMES?? (é para quem lhe servir a carapuça) a partir de hoje o clube de video mak ako cobra 0,20€ ao dia...

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