terça-feira, maio 23, 2006

A verdadeira História do Pinoquio


Realizador: Steven SpielbergIntérpretes: Haley Joel Osment, Jude Law, Frances O`Connor, Sam Robards, William Hurt, Brandan Gleeson

A.I. é uma experiência absolutamente fascinante e provavelmente o filme mais brilhante da carreira de Steven Spielberg. É um dos filmes mais visionários, fantásticos, e bem feitos dos últimos anos do cinema americano. Após cerca de duas horas e meia de filme há pelo menos uma "certeza", a de que estamos perante um filme único, com um argumento excepcional, completamente afastado da maioria dos filmes actuais, baseados em fórmulas desgastadas que dominam a produção americana.

A história desenrola-se algures no futuro, onde surge a ideia revolucionária de criar o primeiro robô, programado para amar. O casal formado por Henry e Monica, cujo filho encontra-se congelado, à espera de uma cura para a doença que lhe aflige, irão ser escolhidos para adoptar David o menino-robô. Só que a relação que se estabelece entre eles (em particular entre David e Monica) nada tem de "robótica". É humana, no sentido mais amplo do termo.

David será protagonista de uma história fascinante, porém amarga, já que na saga deste Pinóquio futurista, os humanos não costumam retribuir amor com tanta devoção.

Foi ouvindo a mãe contar a história de Pinóquio para o filho "verdadeiro", que David fica sabendo dos poderes da Fada, de transformar um boneco em um humano. David, na sua ânsia para transformar-se num menino real, procura a Fada Azul da história de Pinóquio.
Os problemas de adaptação, a crise existencial de um menino andróide que se identifica com a história de Pinóquio, os conflitos com o filho "real" do casal que o adoptou, tudo isso é apenas o começo do filme. A pontinha de um iceberg cinematográfico que revelará cada vez mais surpresas e colocará cada vez mais questões: O pequeno robô pode ser considerado humano, porque ama? Ou talvez o facto de só saber amar, e nada mais, o torne essencialmente artificial?
Inteligência Artificial tem o incrível poder de se renovar a cada cena, conseguindo surpreender tudo e todos. Quando o espectador se prepara para a ficção científica, o filme transforma-se num drama. Quando o drama se aprofunda, ele se transforma numa estonteante aventura para finalmente se transformar numa fábula.
E quando o desfecho parece próximo, o argumento dá um salto gigantesco. No tempo, no conteúdo, na emoção. O filme pula 2 mil anos (bíblico, não?) para fazer uma revelação sombria sobre o futuro da humanidade. Uma nova visão dos robôs – esguios, metálicos, em naves incríveis nunca antes apresentadas no cinema – impõe-se à história com notável sensibilidade e genuína arte.
O tão criticado final de A.I., no fundo, não é mais, do que a "moral" da história. Lembram-se das fábulas que vos contaram na infância, as quais no seu final continham sempre a "moral" da história? Onde é que já se viu uma fábula, digna desse nome, sem "moral" da história?
Que mais posso dizer...
Uma obra-prima, uma lição de cinema.
Confesso que uma parte de mim gostaria que o final fosse com David sentado do lado de fora do edifício: a câmara filma de baixo para cima, vemos em primeiro lugar os sapatos de David, com o pormenor destes terem os atacadores desapertados (um sinal de abandono: que mãe deixaria o seu filho andar assim?), o olhar perdido (que, por si só, valeria quase o óscar para o desempenho extraordinário de Osment) e, por fim, o mergulho em direcção ao fim.
Muito se discutirá sobre onde acaba a contribuição de Stanley Kubrick que, durante muitos anos, preparou este projecto e o labor de Spielberg que, depois, o herdou dele.
Claro que será interessante saber de que modo o segundo recebeu e reconverteu o trabalho já desenvolvido pelo primeiro. Em todo o caso, creio que nada disso será indispensável para ler um filme que, para todos os efeitos, se apresenta como directed by Steven Spielberg e, na derradeira legenda do genérico final, inclui uma simples e, sabemos, sentida dedicatória: para Stanley Kubrick. Fica a dica...

2 comentários:

  1. Fica a dica...bela dica...mas triste!
    Vi...mas perturbou-me!
    ...e ainda andei uns dias "à nora" a pensar no filme!
    Axo k o ser humano continua renitente no k toca a dar ou retribuir amor incondicionalmente...este filme prova-o!..e fez-me lembrar o quão limitados ainda somos!
    Mas pronto...sentimentos à parte,concordo ctg: este filme é realmente de extrema qualidade!!!

    Kiss***

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  2. eu quero saber melhor como é essa história pois não estou intendendo quase nada nem metade do texto

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