quarta-feira, janeiro 25, 2006

DA ESPLANADA DO MILENÁRIO




O filme dos nossos dias

por: Péricles, ponta de lança

Caro leitor, um grande bem-haja!

Dou o pontapé de saída nesta menina dos meus olhos que é esta crónica semanal, cometendo uma pequena inconfidência com o meu amigo leitor. Assim, revelo que não estava nas minhas cogitações abordar esta temática, nem tão pouco vos brindaria com algo relacionado. Sucede que, em vésperas de publicar este artigo, encontrava-me eu no nosso prezado Santuário a apertar um bilharada com o Ilustre Cronista Bohemia quando, qual passarinho, foi sussurrado na mesa composta pelo staff deste espaço o filme Fuga para a vitória! De imediato fiquei embasbacado, estarrecido, perplexo e uma única questão me ocorreu: "como te pudeste esquecer?"

Ora muito bem, meu estimado leitor, esta película constituiu o meu lema de vida, fez de mim um Homem. E em obediência a isto, decidi prestar o meu merecido tributo a uma obra notável datada dos anos 80, de tal modo que sarrabisquei todos os esquiços que fluiam das linhas do meu caderninho das crónicas e assim presto, a jusante, esta ode a tal filme. E equivoca-se o meu amigo leitor se pensar que hoje irá ler um qualquer artigo nostálgico, pois eu nunca perderei o meu estilo, o comparativista. Meu caro amigo, este filme tem mais semelhanças com os dias de hoje do que o nosso querido cronista Tuni com o Primo do Paços de Ferreira... A partir de agora, acompanhe-me nesta viagem...

Cumpre-me fazer uma breve sinopse (se for capaz...) sobre esta relíquia. Realizada pelo desde aí notável John Huston, corria o ano de 1981, tem como enredo um campo de prisioneiros em França ocupado pelas forças nazis durante a 2ª Grande Guerra. Um major, ex-jogador da selecção alemã de futebol e responsável pelo campo prisional propõe a COLBY (Michael Caine), também antigo jogador da selecção britânica, um desafio de futebol entre a selecção alemã da época e uma equipa composta por prisioneiros das forças aliadas. No fundo, o âmago deste jogo seria a elevação da raça ariana contra a busca da liberdade através de uma sensação de vitória... Contudo, este jogo seria também uma excelente oportunidade para os prisioneiros executarem o seu plano de fuga... E dado isto, no Estádio Colombes em Paris, este filme culminaria num frenético jogo de futebol. Na equipa dos aliados, para além do capitão COLBY, um central autoritário, com forte sentido posicional, a fazer lembrar Jorge Costa, figurava ainda variadas estrelas do futebol mundial como HATCH (SYLVESTER STALLONE), um guarda-redes altamente inseguro fora dos postes, uma espécie de Gato Nilson; somos maravilhados pelos estonteantes slaloms de LUIS FERNANDEZ (PELÉ); vi-me pregado ao ecran com os malabarismos de CARLOS REY (OSVALDO ARDILLES); e rendi-me à raça, força e querer de TERRY BRADY (BOBBY MOORE) e MICHEL FILEU (PAUL VAN HIMST)!

Caro leitor, recordo como se fosse hoje as horas que gastei no meu velhinho sofá, com a lágrima no olho... Desde o primeiro golo apontado por Bobby Moore à bicicleta de Pelé, passando pelo calcanhar de Ardilles ou pela lesão de Paul van Himst, John Huston oferece-nos uma obra-prima em que o tornará (se é que não o tornou já...) completamente sensível aqueles que tão nobremente procuram a liberdade! E eu, meu fiel amigo, não serei excepção! E comovo-me mais ainda quando enxergo que afinal esta película tem uma visão futurista, é o espelho dos dias de hoje! Pois é, caro leitor, você sabia que este momento acabaria por chegar... E assim o elucido: Ai, como eu gostaria que o Nilson fosse o Hatch, que se revoltasse com as suas exibições miseráveis e começasse a defender tudo; Ai, como eu gostava que o Cléber fosse o Colby, que fosse um verdadeiro capitão; Ai, como eu gostava que o Bena fosse o Luis Fernandez, só pelo facto de que até lesionado jogou; Ai, como eu gostava que o Rivas fosse o Carlos Rey, de tal forma que teríamos os seus malabarismos em prol da equipa e não a equipa a ver os seus malabarismos; Ai, como eu queria que o Mário Sérgio fosse o Michel Fileu, só para não ter de o ver...

E assim remato esta crónica, hoje com um desejo. Estes homens não desistiram ao intervalo quando o poderiam ter feito! Estes homens alcançaram o 4-4 quando estavam a perder 4-0! A vós, jogadores do Vitória, peço apenas que sejam iguais! E lembrem-se, também nós seremos livres através das vossas vitórias! Também nós estaremos na bancada do D. Afonso a gritar por vós! E sonho com o dia em que, à semelhança do Colombes, eu estarei no estádio e gritarei bem alto: "VICTOIRE!!! VICTOIRE!!!"

Aquele abraço,

PÉRICLES

nota: Zemi, devolve-me a cassete!

9 comentários:

  1. A obra prima!!! Faltou dizer, como disse me ontem o kamal Ataturk, que o Eusébio não participou, porque não sabia falar inglês...ao menos podia sempre comer o seu marisco preferido, tremoços...

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  2. desculpa, mas gravei por cima do FUGA PARA A VITORIA um filme de sarraçom!!

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  3. Péricles ao mais alto nível!

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  4. Meu caro amigo Péricles os meus sinceros parabéns pelas magnificas crónicas a que nos tens habituado.Afirmo que podes ufanar-te desta, que é já, a tua catarse semanal.
    Sem descurar, ignominiosamente,os tão badalados três magnificos, assevero-lhes caros magnificos que para qualquer leitor deste blog fica uma imagem dubia quanto aos vossos propósitos.Assinem por baixo meus senhores!!!

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  5. Um enorme bem haja para todos, caros amigos e companheiros. Depois de alguns dias de puro blackout, venho novamente por este meio comunicar a V/Exas. a verdade que não transparece neste honrável blog. Apesar de não ter publicado os meus polémicos comentários de uns dias para cá, não pude deixar de observar atentamente, a evolução deste blog, onde constatei alguns episódios caricatos. Meus caros cronistas, este blog não existe sem o trio maravilha, que assombra este grandioso e estimável espaço de culto, este blog não existe sem nós, e dá para reparar na quantidade de comentários que estão expostos em determinadas crónicas, e dou como exemplos:
    . Tributo aos pescadores de Vila Chã;
    . O dia seguinte IV;
    . Ponto G;
    . Batalha de Alcácer Quibir;
    . Banho Turco.
    Crónicas que pecam em comentários e em informação. Agora digam-me meus amigos, será defeito e carência de ideias dos autores destas crónicas aqui explicitas? Pensem caros cronistas, qual a solução para esta falta de imaginação que reina neste espaço. Quanto a mim a solução está encontrada, a falta de comentários do trio maravilha, que tanto mistério e intriga fornece a este espaço cultural.
    Não deixei também de reflectir na onda de alegria que neste últimos dias terá infectado os nossos queridos e estimaveis "Irmãos Capela", penso que sabem a quem me refiro.
    Esta dupla identificada por Irmãos Capela, que não descansou de tirar e espezinhar a reputação do trio maravilha, que, para quem não sabe é constituido pelos Senhores Trug V, Fujiro Mak Ako e por eu próprio Al Catrão, e que por ventura devem de ter ficado satisfeitos pelo nosso desaparecimento. Estes Capelas devem de preferir um blog como há pouco referi, um blog sem alma e de espírito seco e degradado. Estes Senhores cujo único interesse é saber as nossas verdadeiras identidades, podem agora deixar de descansar porque, o trio voltou mais forte do que nunca e pronto para restabelecer a verdade e igualdade.
    Caros cronistas e comentadores deste infindável blog, não acabam de ganhar inimigos, mas sim, camaradas que apenas lutam pelo engrandecimento deste espaço.
    Subscrevemo-me com elevada estima e consideração, nafinnnn bebek...

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  6. As palavras deste senhor sao sábias, sao cultas, sao de uma gratidao imensa, sao vida, a ti meu caro devo-te uma homenagem.

    Quanto a esta crónica, maravilha das maravilhas, voltei aos meus 15 anos, muito obrigado sr. pericles por me levares à minha remota infância. V

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  7. Claro q as primeiras linhas sao direccionadas ao senhor AL CATRAO, é favor nao confundir. V

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  8. Como é possivel alguem se ter lembrado de uma das sete maravilhas do mundo, Fuga para a vitoria. É com lagrima no canto do olho que me lembro de ver esse filme em chavalo e como ele contribuiu para a minha formação. Tenho que dizer o que já na altura percorria a minha mente e uma das questões que mais vezes me pus, como é que o nosso amigo e enorme guarda redes Silvestre nao viu reconhecido todo o seu talento???? Ele sim é o verdadeiro rei do futebol, Pelé a seu lado nao passa de um Manoel ao lado do Benachour. Obrigado pela recordaçao mestre Pericles...

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  9. Sr.Pericles, obrigado por me ter lembrado deste fabuloso filme dos tempos em que o defice ainda era nulo!
    e espero também e como descreve na sua cronica gritar consigo (se me permitir) bem alto no 2º anel do D.AFONSO HENRIQUES ... VICTOIRE!! BITORIA!! VICTOIRE!!

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