Ouvi dizer que...

Hercule Poirot

Ponto assente. Ouvi dizer poucas coisas. Em virtude da minha sobriedade ter andado pelas ruas da amargura no último fim de semana, com toda a certeza do mundo vos digo que perdi belas histórias para contar. A vida tem destas nuances e o leitor entenderá na plenitude que um detective como Poirot possa ter dias menos bons (nunca maus!). Ainda vislumbrei - ou deslumbrei, como queiram - pelo canto do olho algumas cenas dignas de realce. Uma jovem a ameaçar cometer loucuras por um camarada turco (mas onde andas tu com a cabeça menina???) e o encontrar de mais vinte euros pelo sujeito do costume foram os factos que merecem registo. O Património pareceu-me um bar a revisitar, pela enésima ocasião. Não é todos os dias que vemos a plateia delirar com o grande "HANG UP" de Madonna. Ainda que faltasse Kemal Ataturk para aplaudir de pé ou a cair. Aliás, como de costume. Resumindo e espremendo, foi isto que se passou. Como tal, tratei de apelidar esta semana como penosa e triste em termos de coscuvilhice. Peço-lhe obviamente desculpas pelo vazio que lhe proporciono, caro leitor. Sendo assim, resolvo falar-lhe de futebol e daquilo que li nos jornais especializados. Se quiser ser verdadeiro, digo-lhe que houve temas que me fizeram os olhos saltar das órbitas.

Começo por um senhor intitulado de Andrei Karyaka. Com que então Portugal está atrasado 20 anos comparativamente com a Rússia? Tenho pena de alguma vez não ter sido governado por um bêbado como Ieltsin nem por um Gorbatchev que se fez conhecer pelo mapa mundo instalado na sua miserável careca. Tenho pena de não sermos um país riquíssimo como a Rússia. Tenho pena dos portugueses (ainda por cima ilegais!!) que abandonam a terra natal para trabalhar nas obras em Moscovo. E são tantos! Tenho pena que sejas burro que nem uma porta Andrei. Vives num bom país, com bom clima, ganhas muito dinheiro e queres sair porque o Koeman prefere brasileiros. No lugar dele eu preferia azeris, paquistaneses, israelitas, tchetchenos, todos menos tu. Compreende que ninguém gostaria de aturar um cepo como tu durante dias a fio. Espero que comas sopa de merda e pão recesso até que Portugal consiga recuperar os 20 anos de atraso...

O Quim foi alvo de uma enorme injustiça. Estou contigo querido Joaquim. Trataram-te como a um cão vadio. Não pretendo ferir susceptibilidades mas ninguém, no seu perfeito juízo, corrobora ou compreende a opção do holandês. Entrando no mundo comparativo, tão ao gosto do camarada Péricles, seria como qualquer um de nós cumprir o objectivo de um ano de trabalho e, posteriormente, ser recambiado com um chuto no cu. Foi exactamente isto que aconteceu ao Joaquim. Não sofreu golos durante cinco jogos e foi posto de lado. É, no mínimo, "motivante". Até aqui tudo bem, estamos todos de acordo. Todavia (grande Manuel Machado!), Poirot não brinca em serviço. Ao tentar apurar a verdade dos factos descobri que Ronald Koeman embirrou com o nome do guardião português. É da opinião que Quim é brejeiro. Quim chama-se o trolha, o picheleiro e por aí fora. Ao saber disto, compreendi o treinador do Benfica. É um argumento muito forte, daqueles que rejeitam qualquer tipo de refutação. Daí que tudo o que eu tenha dito acerca deste tema tenha deixado de fazer sentido. Quim? Guarda-redes? De modo algum...

Para o fim, o boca larga. Targino de seu nome. Li que te sentes em casa no Dínamo... Mas pior ainda foi como respondeste ao repórter da Rádio Fundação na Amadora "para a próxima ganhamos". Gajos como tu pressinto-os aos magotes. Tu és aquilo a que se chama um chulo. Mas um chulo com sorte. Porque tu nunca fizeste nada para ganhar o dinheiro que ganhas nem para chegar onde já chegaste - tenho que admitir que vais viver para um país 20 anos à frente de Portugal... Não tenho vergonha de dizer isto a quem quer que seja: eu jogo melhor à bola do que tu. Simplesmente porque a bola não me atrapalha. Hás-de voltar a jogar no Desportivo de Beja. Já não enganas ninguém. E acabarás a carreira em Paris. Com esses beiços auguro-te um futuro brilhante...

Até quinta, estimado leitor. É a tua vez Zé Maria. Dá-lhe com força.